Atenção Domiciliar é fundamental no enfrentamento à pandemia de coronavírus
Panorama
Por: Redação
03 de abril de 2020
Em todo o país, os sistemas público e privado de saúde estão tentando resolver um problema crucial: como aumentar a capacidade hospitalar à medida que o número de casos agudos de COVID-19 aumenta. Com a previsão de que os números de casos devem disparar, os hospitais brasileiros terão redução da disponibilidade de camas e aparelhos respiradores, sendo a redução de vagas em unidades de terapia intensiva (UTI) o problema mais imediato.
Neste cenário, a Atenção Domiciliar, popularmente conhecida com home care, pode ajudar a aumentar a capacidade nacional de leitos. “Podemos ajudar de diversas formas. Uma delas é tirar pacientes “não coronavírus” do hospital e transferi-los para casa. Isso inclui pacientes estáveis e chegando ao final de seu tratamento no hospital, mas que ainda necessitam de cuidados como antibióticos intravenosos, por exemplo. Também significa transferir pacientes diretamente da emergência, quando possível.”, explica Dr. Cláudio Flauzino, diretor da Home Doctor, empresa especializada em Atenção Domiciliar.
Em casa também podemos cuidar dos pacientes com COVID-19 e acompanhar a sua condição de saúde ao longo do tempo. “Em casa podemos cuidar da maioria dos casos. A expectativa do Ministério da Saúde é que apenas 5% dos pacientes apresentem quadros graves e precisem de hospitalização”, afirma Flauzino.
A empresa conta com um grupo de especialistas, composto por médicos e enfermeiros, para diariamente acompanhar a situação epidemiológica do novo vírus e as regulamentações das sociedades médicas e órgãos regulatórios, como Organização Mundial de Saúde, Center for Disease Control and Prevention (CDC), Ministério da Saúde do Brasil e Sociedade Brasileira de Medicina e de Infectologia.
Aumento na demanda
Como reflexo do COVID-19, a Home Doctor tem registrado aumento no número de pacientes, não só de casos do novo vírus, mas com todas as outras condições médicas. “No início de março, cuidávamos de 2.050 pacientes em casa. Em 20 dias esse número chegou a 2.270. O que vemos são pessoas que preferem deixar o hospital ou, até mesmo, não querem ir ao hospital, portanto, o serviço de saúde em casa está aumentando em número e relevância”, ressalta Flauzino.
De maneira geral, os programas de Atenção Domiciliar fornecem uma variedade de serviços de dentro da casa de um paciente, geralmente com melhores resultados e custos mais baixos do que as estadias tradicionais. “Desde que os pacientes tenham estabilidade e indicação clínica, todos podem ser atendidos. Dos casos mais simples, como curativos e medicação endovenosa, até os mais complexos, como os casos de pacientes que necessitem de respirador artificial”, conta.
Tendência internacional
Uma análise do jornal americano USA TODAY constatou que, com o aumento nos casos de coronavírus, haveria quase seis pacientes gravemente doentes para cada leito hospitalar existente. Diante deste cenário, a American Academy of Home Care Medicine está consultando diversos países para analisar como a Atenção Domiciliar está sendo utilizada para ajudar hospitais e pronto-socorros a não ficarem sobrecarregados. No Brasil, a Home Doctor foi a escolhida para apresentar a situação brasileira.
Os EUA contam com um grande defensor da Atenção Domiciliar. Dr. Bruce Leff, diretor do Centro de Pesquisa Geriátrica Transformativa da Faculdade de Medicina da Universidade Johns Hopkins. “Cuidando em casa de pessoas que não precisam de leitos de UTI, ganhamos em capacidade. Estimo que 20% a 40% das pessoas que atualmente recebem atendimento no hospital poderiam ser tratadas mais rapidamente, finalizando seus tratamentos em casa. Embora as circunstâncias sejam trágicas, a pandemia de COVID-19 pode fortalecer o sistema de saúde dos EUA no futuro, lançando uma luz mais brilhante nos cuidados em casa e em modelos de prestação de cuidados igualmente inovadores. As crises têm uma maneira de fazer as coisas acontecerem”, diz Leff.
A França também pretende usar a Atenção Domiciliar como estratégia no enfrentamento ao coronavírus. Os hospitais de Paris estão testando a possibilidade de possibilidade de prover oxigenioterapia em casa com acompanhamento médico à distância e “se preparar para a próxima etapa da epidemia”, disse o diretor-geral dos estabelecimentos hospitalares da capital, Martin Hirsch. A iniciativa, batizada de “Covidom 02” visa que os pacientes possam deixar a UTI o mais rápido possível para que outros possam ser atendidos. “Estamos estudando a possibilidade de acompanhar o estado de saúde e o nível de saturação de oxigênio em casa”, conta Hirsch.